Publicada em 16 de dezembro de 2022
O ritmo da prefeitura na busca por empréstimos indica que Porto Alegre terá muitos canteiros de obras públicas nos próximos anos. Nem todo o dinheiro já garantido ou na mira do governo será usado em infraestrutura, mas a intenção de investir em melhorias na gestão tem como propósito liberar recursos do caixa para atender demandas recorrentes da cidade.
Com parte do R$ 1 bilhão que vem do Banco Interamericano de Desenvolvimento, com captação já autorizada pela Câmara, o município vai pagar o estoque atual de precatórios e requisições de pequeno valor. Outro financiamento bilionário virá do Banco Mundial e da Agência Francesa de Desenvolvimento para investimento no “Centro expandido”, que na justificativa da prefeitura compreende o Centro Histórico e os bairros do 4º Distrito.
Este montante ainda depende da autorização dos vereadores, o que deve acontecer, já que o governo tem maioria no Legislativo. O recurso irá atender demandas de saneamento, drenagem e requalificação de vias.
Porto Alegre está aproveitando a oportunidade que tem para captar recursos internacionais. Até o ano passado, tinha uma classificação de risco junto ao Tesouro Nacional que barrava a tomada de empréstimo de agências fora do Brasil. Com a retomada do índice que garante aos credores a condição do município de pagar por suas dívidas, o prefeito Sebastião Melo (MDB) está apostando nos financiamentos internacionais.
“Com um banco de fomento, tem prazo mais longo, de até 20 anos de amortização (da dívida), cinco de carência e juros mais baixos que o mercado financeiro nacional”, sustenta Urbano Schmitt, titular da Secretaria de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Capital e um dos nomes à frente da missão de buscar esses recursos. Para isso, além do aval do Legislativo municipal, precisa de autorização da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex) do Ministério da Economia – é como se o governo federal fosse fiador do município.
O secretário explica ainda que o valor não virá todo de uma vez – os recursos serão liberados mediante a apresentação dos projetos. “Como são bancos de fomento, não é um empréstimo puro e simples. Eles olham a finalidade, a questão ambiental e social. E, caso avaliem que seja necessário, as agências possibilitam cooperação técnica”, conta Urbano sobre o apoio que o município recebe por meio desses acordos.
A marca de “bom pagador” para o mercado externo não desviou o olhar do governo dos bancos locais e dos empréstimos de menor valor. Atualmente a prefeitura conta com de R$ 60 milhões do Banco do Brasil para a recuperação de 22 ruas e avenidas; R$ 60 milhões do BNDES para projetos voltados à melhoria da gestão pública; e R$ 45 milhões do BRDE para macro e microdrenagem na região do loteamento Túnel Verde, através do Programa Avançar Cidades – Saneamento.
Mesmo sabendo alguns dos destinos para os recursos que virão, Urbano não quer cravar quantos e quais são esses projetos. “É irresponsabilidade falar sobre prazos e mudanças na rotina dos cidadãos num momento em que estamos finalizando etapas tão importantes para a formalização das operações de crédito”, pondera.
“Estamos pensando na Porto Alegre das próximas décadas e nos preparando para realizar investimentos de grande porte. O processo será conduzido com segurança jurídica e embasamento técnico. Queremos garantir que os projetos sejam o reflexo das verdadeiras demandas da população”, completa Urbano.
Panorama dos empréstimos internacionais
– Autorizado
– BID: US$ 150 milhões
Financiamento no valor de US$ 150 milhões, com contrapartida prevista de US$ 37,5 milhões, o que pode fazer com que o investimento total fique acima de R$ 1 bilhão.
A partir de 2023, o município terá cerca de R$ 1 bilhão à disposição para viabilizar o Programa de Desenvolvimento Social e Sustentabilidade Fiscal. O empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já tem aval da Câmara Municipal. A iniciativa é chamada de Porto Alegre e tem como um dos objetivos o pagamento de precatórios e requisições de pequeno valor (RPV). Também virão dessa fonte recursos para investir em projetos da área social.
– Aguardando aval da Câmara
– Banco Mundial e Agência Francesa de Desenvolvimento: € 129,6 milhões
Financiamento no valor de € 129,6 milhões que, com contrapartida de € 32,4 milhões, que poderá resultar em investimento total acima de R$ 1 bilhão.
A prefeitura busca autorização dos vereadores para contratar uma operação de crédito externo junto ao Banco Mundial, via Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD-BM), e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Com esse recurso, o principal eixo de investimento será o Centro Expandido, o que inclui o Centro Histórico e parte da região do 4º distrito, com obras, dentre outras, de saneamento, macrodrenagem e qualificação de vias.
Fonte: Jornal do Comércio
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